Jornal Tribuna de Macau

A expansão maçónica

Sobre esta breve visita à RAEM, Júlio Meirinhos explicou que foi um desvio numa viagem que serviu para “matar saudades” dos amigos e familiares que cá vivem.

“Estou de passagem, porque vou na sexta-feira para a Índia. Sou, de momento, o grão mestre da maçonaria regular portuguesa e fui convidado pela Grande Loja da Índia para assistir e para reatar relações de amizade, porque querem que a gente venha a fazer uma sessão de loja em língua portuguesa, o que é fantástico”, disse.

O grão mestre afirmou que já existem relações entre a Grande Loja Legal de Portugal (GLLP) e a Grande loja da Índia há mais de 20 anos. No entanto, a proximidade é maior com a maçonaria daqueles que são mais próximos, como o Brasil, por causa da língua. “Mas este gesto é importante porque a Índia tem muitos obreiros. Havendo irmãos na Índia que falam português, aproveitamos este convite para fazer uma sessão de loja em língua portuguesa, o que muito nos honra”, frisou.

Um convite que nunca recebeu da RAEM porque “em Macau, a existir alguma loja, tem de ser em língua portuguesa”, comentou. Até ao momento, são conhecidas duas lojas com ligações maçónicas portuguesas, o Grande Oriente Lusitano, e a Loja Luz do Oriente, embora apenas esta última assuma o designado cariz regular (ou seja, reconhece a existência de um deus embora não se cinja a uma só religião). E reconheceu que em Macau existiram “sempre valorosos maçons, pessoas de grande culto, de grande gabarito, de todos os géneros”.

Em relação à presença de chineses na maçonaria, indicou ser insipiente. “A China sabe da existência da maçonaria, mas ainda é um movimento que não está implementado no continente chinês. Existe a grande Loja da China e Taiwan, mas é em Taiwan. Existirão certamente lojas inglesas na China, mas são relações que funcionam entre a China, os governos e as grandes lojas”, indicou, acrescentando que “não há nada que num Estado soberano possa existir a nível maçónico que não seja por consentimento e aprovação dos dirigentes políticos desse Estado”.

De acordo com Júlio Meirinhos, a maçonaria tem um papel social que não pretende substituir o poder político instaurado. Mas quando as necessidades do povo não são garantidas pelo Governo “a maçonaria não pede licença. Está estruturada, está firmada, e faz o seu papel de solidariedade que é uma das suas obrigações”, afirmou o grão mestre. Motivo pelo qual o aparente crescimento da maçonaria no oriente contrasta com a queda de poder verificada na Europa, que indicou já ter liberdades mais estabilizadas.

Fonte: Jornal Tribuna de Macau